Totentanz, a dança da morte

05:57

por Gilmara Cruz

Imagem: Chronicum, de Hartmann Schedel

Você saberia me dizer agora o que pensaria se estivesse de frente com sua própria morte? Como se sentiria se sua cova fosse cavada em sua frente às vésperas da tua partida? Sentiria medo, aflição, desespero, curiosidade? Essa é a única certeza que temos, a que vamos morrer. Você deve planejar e imaginar toda a sua vida, mas já fez o mesmo com a sua morte? Bem, essa será uma das atmosferas trazidas, através de várias atividades, em nosso workshop. Não percam a oportunidade de trabalhar em você algo tão doloroso, e talvez libertador, mas necessário e que muitos negligenciam. Tudo isso através da arte que mais expressamos e amamos, a dança!

Entre os séculos XIV e XV o medo, principalmente da morte, passou a ser expressado através da arte. O terror, o medo de morrer e a aversão ao cadáver eram grandes elementos que compuseram o cenário desse momento. Com a Peste Negra espalhada pela Europa, era realmente difícil lidar com o medo da morte. Muitas imagens desse período representavam exatamente essa mentalidade, essas angústias e desejos pela vida.

Através do estudo da iconografia medieval e toda sua manifestação artística da época que envolvia o tema, foi que este workshop foi criado. Penso que, enquanto dançarina e historiadora, podemos resgatar esses sentimentos e ressignificá-los em nós, permitindo assim que nossos medos, angústias e sofrimento diante da possibilidade de nossa própria morte possa ser expressado e gestualizado através da Dança.

Segundo alguns autores, a "dançomania" era um fenômeno de manifestação cultural que fazia frente a imposição corporal da igreja e era um reflexo do desespero diante as epidemias e doenças que assolavam o cenário do século XIV e XV. Numa especie de histeria, as pessoas dançavam seu sofrimento e seu medo freneticamente expressando o pavor da morte. E essa tendência ficou conhecida como Dance of Death.

Essa arte traz também uma maravilhosa crítica social de igualdade entre as pessoas, reflexão esta que eu gostaria de propor dentro do cenário da Dança. Porque assim como a morte, a arte e a dança também não fazem distinções entre "raça", sexo, etnias, posição social, condições financeiras e afins.

Este workshop vai acontecer exclusivamente no III Underworld Fusion Fest, organizado pela bailarina Aerith Asgard, na cidade de Curitiba/PR, no dia 22 de outubro. Com o valor super acessível de R$ 80.00 você poderá adentrar a história de um passado medieval e ressignifica-la em tempos contemporâneos. Este work trará a parte teórica, trazendo toda a história dessa belíssima arte e a parte prática onde trabalharemos um Dark Fusion com pitadas do Butoh.

Fonte: Représentations diverses de la mort (Patrick Pollefey)

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